Sempre pensei nos momentos de tormenta e no quanto é necessário asumí-los. Mas hoje penso que os momentos felizes também precisam de assunção. É que ambos são motivos para aprendizados. Se por um lado, ficamos, nas tormentas, absortos na resolução do problema (como se as tormentas fossem unicamente a tradução de problemas a serem resolvidos). Por outro deixamos as calmarias tomarem lugar sem qualquer tipo de crítica (como se não fossem passíveis de reflexão).
Assim como dizem que amor e ódio caminham juntos, o mesmo acontece com as tormentas e calmarias, pois são reciprocamente causais em muitos momentos e naturalmente interdependentes... Sempre.
Hoje penso que o olhar atendo para a tormenta não a transforma em algo essencialmente ruim ou que deve ser combatido. De uma forma geral ela deve - isso sim - ser vivida. É comum perguntarmos 'porque isso está acontecendo comigo?', mas na verdade não estamos fazendo uma pergunta. Estamos trabalhando auto-vitimização. O que velamos, aí sim, é a resposta. E talvez o que devamos realmente nos perguntar é 'o que levou a isso?', 'o que vou fazer com isso?'.
E esse é o nó da história: nos colocarmos na tormenta como atores coadjuvantes ou principais da cena, afinal quem disse que não causamos tormentas? Mas negação também faz parte. Tormento de fato é se colocar na defensiva... Às vezes de si mesmo (e acabamos combatendo a nós mesmos). Então o processo é mais longo, destrutivo... Um sofrimento maior que o necessário. Desespero sem enfrentamento.
Mas e quanto as calmarias? Tudo blue, como se diz. Felicidade sem questionamentos. E os pequenos tropeços e desventuras são na verdade inperceptíveis. São mesmo? Não acionamos o botão de alerta na felicitade porque dela a gente dá conta ou porque isso pode trazer a sensação de que ela também pode ter fim?
Nesse caso porque não se perguntar 'o que levou a isso?' e 'o que vou fazer com isso?' novamente. Porque não faz sentido colocar esse questionamento? Seria o medo de a resposta não apontar para zonas de conforto?
Na relação entre tormenta e calmaria é importante um equilíbrio entre razão e emoção. De forma equivocada nos colocamos cartezianos quanto a isso. Ou é emoção ou é razão. Mas hoje penso que há uma terceira alternativa.
A razão está para a emoção , assim como a crítica está para a solução. Em inúmeros momentos é importante afastarmo-nos da passionalidade... E ser razoável não obstrui a emotividade. O uso da razão é diferente da falta de emoção.
Quando nos afastamos do centro da tormenta ou da calmaria em um movimento de abstração percebemos o núcleo, o centro nervoso gerador da alegria ou da felicidade. Às vezes o desenho não é o que exatamente esperávamos ver: não está tão ruim como imaginávamos ou não está tão bom quanto esperávamos.
Não é um simples exercício. Mas é um exercício necessário, pois invariavelmente estamos na gangorra da tormenta e da calmaria... Uma vez uma, uma vez a outra.
Tormentas podem ser o prenúncio de calmarias, que podem ser o prenúncio de tormentas... Mas optamos por ficarmos histéricos com uma ou com a outra, desequilibrando a possibilidade de visualizar o que está a frente da densa cortina das emoções. O que também faz sentido, afinal não fomos criados para desmazelos e só para o... Como eu disse?... Para o que é blue.
Antes eu achava que deveria viver a dor, mas não o sofrimento. Mas escutei e vivi, que sofrimento também faz parte, e o que realmente devemos fazer é não nos desesperarmos. O que também vale para a felicidade: alegrar sem exagero.
Não que isso deva no transformar em autômatos do novo milênio, mas pode nos trazer mais dinamismo para lidar com com as transformações que nos são apresentadas nessa nova era... Além disso, tudo está tão igual e tão diferente, que é dificil falar do que era, do que é e do que será... Só dá mesmo pra falar de transformação... O ressignificado que damos (às coisas e as pessoas) a partir do que conseguimos fazer disso tudo que está aí fora.
Tormenta ou calmaria? Prefiro ambos. É possível que em outro mundo eu conseguisse viver sem, mas neste - vamos lá, sem enganos! - não dá!
Então, se eu fosse dar um conselho eu diria que é melhor você passar a olhar, de fora, para dentro de onde você está. Além de se ver, determinadas situações poderiam ter mais ou menos valor... Dependendo das suas escolhas.
Eu estou nesse movimento... Tentanto, é claro.
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este movimento amiguinho, significa viver,apenas isto.e com a vivência vem a experiência,e a maturidade.
ResponderExcluirsó não entendi uma coisa; me cadastrei como sua seguidora ma parece que "sumi"!!!
bjs Vania
Grande amigo, gosto de te ver desta forma. É sempre bom quando nos damos a chance de perceber o sol após as tempestades. Isso mesmo garoto!!! Os sentimentos são e ponto. Eles não são bons, nem maus. São feitos para serem experimentados.
ResponderExcluirCarpe diem. Te gosto muito.
Alex Borges