Saúde, Paz, Harmonia...

Prefiro as Convicções mutantes
Às incertezas constantes

Palavras que o vento não leva...

Clarice Lispector. "... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."
Confúcio: "O que eu ouço, eu esqueço. O que eu vejo, eu lembro. O que eu faço, eu entendo."
Madre Tereza de Caucutá: "É inadmissível nos permitirmos que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz."
Paulo Freire: "A subjetividade muda no processo de mudança da objetividade. Eu me transformo ao transformar. Eu sou feito pela história ao fazê-la."
Sartre: "o importante não é o que fizeram de mim, mas o que eu faço do que fizeram de mim."
[autor]: "Palavras categóricas e ásperas são sinal de uma causa infundada."
Madre Tereza de Caucutá: "Não ame por beleza, pois um dia ela acaba, não ame por adimiração, pois um dia pode se decepcionar. Ame apenas, pois o tempo nunca poderá apagar um amor sem explicação."
Diamante: "A pessoa que briga por uma única verdade, na realidade está defendendo sua mentira!"
Voltaire: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Oscar Wilde: "Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."

quinta-feira, 25 de março de 2010

A Mudança - Parte 2

“´Miau, miau´... Como eu vou saber o que você quer, gato?” – resmungou Ana no dia seguinte, depois de uma noite de exaustão tentando demover o gato da insistente idéia de permanecer no sofá. “Como eu posso cuidar de você se nem consigo cuidar do resto?”. ´Miau´ - respondeu o gato. Um observador tenaz diria que o gato lhe dera a resposta em um único miado enquanto labia a pata dianteira e a passava na cara.
Trancou a porta no dia seguinte institiva e contraditoriamente para evitar a fuga do gato. “Alô!... Então, tem um gato lá em casa...” – inseriu o fato na conversa ao celular enquanto se dirigia ao ponto de ônibus. “Agora não sei o que fazer. O apartamento mal cabe a mim mesma...”. E nessa hora o tal observador tenaz poderia afirmar categoricamente que havia uma ponta de interesse de Ana na permanência do gato.

No trabalho a história era a mesma: o gato, o gato, o gato. Recebeu várias dicas dos amigos do departamento e acabou imaginando, afinal, que tê-lo em casa poderia ser algo diferente com o que lidar. “Não! Tá maluca! Ele vai encher de pelo suas roupas, vai miar pedindo comida e atenção” – dizia consciência consternada de Ana, enquanto a sua outra metade havia já se decidido a comprar um cesto onde o gato pudesse se aninhar, uma vez que ambas as Anas sabiam que no sofá ele não iria ficar. “De jeito nenhum”.

Comprou o cesto em um petshop e, dissuadida pela vendedora, comprou também uma bola de borracha que acendia luzes coloridas quando rolava pelo chão. Voltou para casa naquele dia disposta a doar o gato no dia seguinte. “Vai com cesto, bola e tudo” – disse incrédula para si mesma.

O gato a recebeu contorcendo-se em suas pernas, e querendo ou não confessar, Ana sentiu uma certa satisfação ao ser recebida por ´alguém´ em casa. Arrumou o cesto e colocou a bola para rolar, percebendo que ficara encantada ao ver o pequeno gato ronronar diante da bola e brincar com ela. De forma também inusitada o cesto fora acolhido como dormitóriopel gato, como se já estivesse esperando pela delicadeza desse gesto. E na mente de Ana a imagem dos dias seguintes contrastaram com a idéia quase contreta da doação imaginada mais cedo.

Amanheceu e o gato miava copiosamente um miado-choro irritante para qualquer pessoa. “O que foi? Já não disse que não sei fazer isso?”. O gato amaranhou-se em sua perna. Anna surpirou, jogou o cabelo para tras com as duas mão contornando a cabeça e ao abaixar para afagar desajeitadamente o gato percebeu que sua própria barriga roncara. “Fome. Nossa Senhora! O gato está sem comer desde ontem”. Correu e vestoiu qualquer coisa para ir ao merado mais próximo. “Comida para gato. Quanta variedade! Precisa ter tanta coisa assim?”. Voltou com uma lata indicada uma senhora que estava na mesma seção. ´Tem que ver o tamanho do gato´ - disse a senhora. ´Tudo depende do tamanho´. “Ok. Agora tenho que ver o tamanho do gato... Mas não tem jeito, vou levar a comida no chute, mesmo!” – pensou. “Uns 30 cm, eu acho...” – seguiu, passando as informações forjadas para a senhora que, compenetrada, escutava cada informação prestada. Voltou com duas latas. ´É uma por dia, menina. Não dê muito, senão ele passa mal... É macho ou fêmea?´. “Macho” – respondeu rapidamente, detestando a idéia de ter um gata em sua casa. Já ouvira muitas vezes que as fêmeas sofrem no cio, sendo quase rasgadas pelos macho na hora do acasalamento. “Ai, que horror”.
Curiosamente, houve uma boa adaptação entre Ana e o gato. Sim era macho. Desconfortada com a idéia de ter uma gata, Ana levou o bichano ao veterinário na semana seguinte. Vacinas, remédios, acessórios... “Uma grana, isso, heim!... Você tem que valer a pena, seu sem graça!” – disse, dessa vez sorrindo para o gato enquanto retirava a compra da sacola.

Mas nem tudo estava um mar de rosas. O gato achou o pé de sapato esquecido sob a cama e acabou com ele. Assim como desfiou boa parte de uma perna da calça jogada no chão. E considerando que a cada dia o gato trazia uma necessidade diferente. Que na verdadde não era uma necessidade dele, mas da própria Ana, gradativamente as coisas foram saindo do seu alcance.

“Agora eu tenho que arrumar as coisas porque o dondoco vai mexer em tudo, é?” E foi gradualmente organizando a bagunça espalhada pela casa. E na organização do espaço os defeitos foram aparecendo, assim com a também necessidade dos consertos. “Com é quenós chegamos até aqui mesmo?” – resmungava a cada troca, compra ou passada de vassoura. ‘Os gatos são muito limpos’, uma vez disse a senhora que agora passava a encontrar rotineiramente namesma seção do supermercado. Chegou a pensar que havia um certo tom de ironia na voz da velha, como se questionasse a sua limpeza. “ É. Eu sei, lembrando que fora obrigada pelo vendedor da petshop a comprar uma vasilha com uns grãos para que o gato fizesse suas necessidades ali.

´Ana, amanhã preciso que você mude-se para o terceiro andar. Estamos fazendo ulgumas mudanças e agora você vai para o grupo de endomarketing´ – foi comunicada, no corredor, pelo gerente como se a mudança se traduzisse em uma mera questão de geografia. Voltou para sua mesa inquieta pensando na sua trajetória naquela empresa. E se a menor distância entre dois pontos fosse realmente uma linha reta, já tinha chegado na outra ponta.

No dia seguinte retornou resoluta de que não tinha mais o que fazer por lá. Pediu demissão e voltou para casa com um sorriso escancarado no rosto como se acabara de fazer uma estrepolia de criança. “Oi Maurício. Voltei mais cedo hoje... Maurício!!!” – correu para a saia que comprara apoucas semanas.

Continua...

Um comentário:

  1. e a terceira parte? quero saber o fim que o gato vai levar!

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