Saúde, Paz, Harmonia...

Prefiro as Convicções mutantes
Às incertezas constantes

Palavras que o vento não leva...

Clarice Lispector. "... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."
Confúcio: "O que eu ouço, eu esqueço. O que eu vejo, eu lembro. O que eu faço, eu entendo."
Madre Tereza de Caucutá: "É inadmissível nos permitirmos que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz."
Paulo Freire: "A subjetividade muda no processo de mudança da objetividade. Eu me transformo ao transformar. Eu sou feito pela história ao fazê-la."
Sartre: "o importante não é o que fizeram de mim, mas o que eu faço do que fizeram de mim."
[autor]: "Palavras categóricas e ásperas são sinal de uma causa infundada."
Madre Tereza de Caucutá: "Não ame por beleza, pois um dia ela acaba, não ame por adimiração, pois um dia pode se decepcionar. Ame apenas, pois o tempo nunca poderá apagar um amor sem explicação."
Diamante: "A pessoa que briga por uma única verdade, na realidade está defendendo sua mentira!"
Voltaire: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Oscar Wilde: "Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."

sábado, 5 de março de 2011

Fim de tarde

Passou a mão sobre a capa do vinil empoeirado e há muito guardado à espera do conserto do ´toca discos´. Já não possuía muitos mais. Mudanças e empréstimos fizeram a discoteca ficar reduzida a cinco ou seis, nem raros nem sem importância.

Sentou-se sobre o tapete de pele de ovelha furta cor, uma aquisição trazida de um desejo de infância, quando na casa da tia afundava deliciosamente os pés no tapete felpudo da sala. Uma escolha demorada apesar das poucas opções. Cada vinil tinha uma história diferente, falava de momentos distintos. Por fim escolheu.

Apanhou ovinho, uma das taças remanescentes do penúltimo casamento e recostou-se no sofá que ficava na direção da janela. O sol já dava seus sinais de cansaço, convertendo-se de amarelo escaldante para um alaranjado redondo de borda branca.Abriu o vinho e encheu a primeira taça do final da tarde.

O vinil na vitrola, o tapede ´da tia´ e a chegada do crepúsculo auferiram um tom nostálgico, bem embalado pelas músicas e pelos pensamentos, que naturalmente fizeram o caminho de volta no tempo, montando uma série histórica de acontecimentos a cada trecho de música, a cada agudo, a cada mudança de ritmo.

Pousou a cabeça na borda do sofa no qual havia colocado uma almofada e moveu os olhos na direção da tarde que já se ia. Foi entrando na paisagem, deixando para trás o corpo que levantava mais uma vez a garrafa para encher a taça com o vinho. Poderia ir a qualquer lugar naquele instante: espionar o atual objeto de desejo, visitar a mãe na cidade vizinha... Poderia, inclusive, transcender o tecido da realidade e visitar pessoas que já haviam partido deste plano.

O vinho tinto seco encorpado e de sabor forte foi, habilmente, manipulando os sentidos, entorpecendo os impulsos, relaxando a musculatura e trouxe a doce névoa do sono e do descanso.

Bons sonhos, menino...

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