Saúde, Paz, Harmonia...

Prefiro as Convicções mutantes
Às incertezas constantes

Palavras que o vento não leva...

Clarice Lispector. "... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."
Confúcio: "O que eu ouço, eu esqueço. O que eu vejo, eu lembro. O que eu faço, eu entendo."
Madre Tereza de Caucutá: "É inadmissível nos permitirmos que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz."
Paulo Freire: "A subjetividade muda no processo de mudança da objetividade. Eu me transformo ao transformar. Eu sou feito pela história ao fazê-la."
Sartre: "o importante não é o que fizeram de mim, mas o que eu faço do que fizeram de mim."
[autor]: "Palavras categóricas e ásperas são sinal de uma causa infundada."
Madre Tereza de Caucutá: "Não ame por beleza, pois um dia ela acaba, não ame por adimiração, pois um dia pode se decepcionar. Ame apenas, pois o tempo nunca poderá apagar um amor sem explicação."
Diamante: "A pessoa que briga por uma única verdade, na realidade está defendendo sua mentira!"
Voltaire: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Oscar Wilde: "Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."

sábado, 5 de março de 2011

176

Eu estava na fila do ponto do 176 – rápido. Aquele que vai pelo Túnel Santa Bárbara (Central-São Conrado). Sinceramente acho que ele deve ser renomeado para 176 – semi-rápido. É que o trecho dentro da rodoviária que vai do ponto, dá uma volta danada pra chegar na Presidente Vargas – dependendo da hora e do dia – é um suplício.

Entre as idas e vindas de uma ambulante que oferecia umas bananadas que estavam dentro de uma sacola não mais transparente de tanta poeira escutei a conversa de duas mulheres que estavam na minha frente. O ponto exato que me chamou atenção foi “eu sou assim e nunca vou mudar”. Fiquei atento, a partir desse momento à conversa de ambas.

De uma forma bastante popular e escrachada, a mulher da ‘síndrome de Gabriela’ discursava sobre o quanto era suficiente sua forma de ver e conduzir sua vida e a das pessoas mais próximas que faziam parte do seu círculo cotidiano. Com interjeições e uma linguagem corporal peculiar, entremeava frases e acentuava palavras com um balenceio de cabeça, uma protrusão constante do lábio inferior. Essa mistura lhe conferia um ar de suposta superioridade a cada sentença – nem gramatical nem matemática, mas jurídica – que aplicava.

“Falo na cara! Não sou de mandar recado! E não levo nada pra casa!” eram frases repetidas no discurso da mulher. E em determinado momento percebi que a falta de repertório desenhava um vai-vem desconfortável até mesmo para a outra, que a ouvia e abaixava a cabeça ao notar o crivo no olhar das outras pessoas da fila.

Por mais que, evidentemente, aquela conversa tenha se tornado cansativa para todos, não havia na oradora nenhum sinal de preocupação com isso. Muito pelo contrário, em determinado momento, elevou o tom da voz, buscando a aprovação de uma outra mulher que estava na linha seguinte da fila.

Permanecemos alí por trinta minutos aproximadamente ouvindo a mulher desprezar o marido e sua família, a vangloriar-se dos atos rebeldes que perpetrava diante das coisas ‘erradas’ que ele ou a familia dele ‘cometia’.

Curiosamente ela falava também aos outros homens que estavam no local, insinuando que todos os machos ali presentes careciam de uma mulher como ela para aparar as asas dos ‘safados’ – alcunha que utilizou constantemente para os homens durante a conversa na fila.

Ao entrar no ônibus, com as vozes acumuladas e o ar quente dentro do veículo, abri ao máximo a janela aproximando meu rosto do lado de fora em busca de um ambiente menos coletivo.

Não ouvia mais - com distinção - as palavras da mulher, que seguiu com seu discurso sobre o quanto precisava ser austéra – e até mesmo violenta - para manter seu amado e ‘safado’ marido na linha.

Fiquei satisfeito até que começou a chover e eu tive que fechar a janela. Não conseguia concentração para ler e havia esquecido o MP3... Fui obrigado a aturar, afinal, a mulher era o dobro do meu tamanho e estava pelo menos com o triplo da minha disposição naquela hora da manhã.

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