Saúde, Paz, Harmonia...

Prefiro as Convicções mutantes
Às incertezas constantes

Palavras que o vento não leva...

Clarice Lispector. "... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."
Confúcio: "O que eu ouço, eu esqueço. O que eu vejo, eu lembro. O que eu faço, eu entendo."
Madre Tereza de Caucutá: "É inadmissível nos permitirmos que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz."
Paulo Freire: "A subjetividade muda no processo de mudança da objetividade. Eu me transformo ao transformar. Eu sou feito pela história ao fazê-la."
Sartre: "o importante não é o que fizeram de mim, mas o que eu faço do que fizeram de mim."
[autor]: "Palavras categóricas e ásperas são sinal de uma causa infundada."
Madre Tereza de Caucutá: "Não ame por beleza, pois um dia ela acaba, não ame por adimiração, pois um dia pode se decepcionar. Ame apenas, pois o tempo nunca poderá apagar um amor sem explicação."
Diamante: "A pessoa que briga por uma única verdade, na realidade está defendendo sua mentira!"
Voltaire: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Oscar Wilde: "Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."

sábado, 28 de maio de 2011

Tão Simples


Acordou assustada e sentiu gradativamente os sons chegarem aos ouvidos, e as formas e cores aos olhos. Virou-se de lado com o esforço de quem não tem forças sequer para imaginar. Viu no relógio do criado mudo: duas da madrugada.

Notou nesse momento que o sono que imagnara acontecido não fora mais do que horas insones. Os olhos cerrados. Encarcerada no desejo de que no momento seguinte a densidade da inconstância nublasse a paisagem da realidade.

Virou-se novamente e, buscando conforto para as costas apoiou o ante-braço na fronte. Vidrou os olhos, agora abertos, no teto até que arderam e lacrimejaram, findando a concentração.

Cada parte sua ansiava pelo embalo do sono. Não porque precisasse dormir. Não porque estivesse extremamente cansada. Mas porque precisava acordar. Ter um intervalo entre o que era atual e o que se seguiria.

A outra mão passeava os dedos no abdome. Massageava os músculos contraídos tentando dissolver os nódulos da apreensão. Respirou lentamente. Para dentro. Para fora. Exercício de relaxamento e suspiro controlado. Tremeu o peito.

Não havia estrelas no céu nem movimento nem ar. Engasgou sôfrega. Parou. Amassou o lençol dentro da mão quente e úmida e de um salto correu para a cozinha. Um chá... Acocorou-se no canto entre a geladeira e a porta. Segurando a xícara estalava as unhas forçando umas às outras. Não há ninguém por perto. Não há ninguém olhando. Mas sentiu uma vergonha alheia como se naquele momento estivesse sendo observada por si mesma do outro canto da cozinha.

Não veio. O sono não veio. Perambulou em volta da mesa sem completar qualquer pensamento e olhou para o computador. "Não". A geladeira. "Não". A rua. "Não, não". O computador. Entrou na rede forçando um bocejo. "Mentira". Não havia qualquer sinal de sono.

Instintivamente seus dedos digitaram o endereço, a senha. Percorreu novamente todas as mensagens trocadas guardadas em sua caixa de entrada. Releu cada palavra interpretando cada possível sentido oculto contido nelas. Trocas de mensagens coletivas. Mas ele escrevera seu nome algumas vezes. Trivialiddades apenas.

Os álbuns de fotos. Deteve-se na que melhor dava sentido ao momento insone. Mas ele não a via através do monitor. Não lhe sorria. A foto representava somente um estado de espírito passado. Ela não participara. Não causara o sorriso ou a situação. Não tirara a foto. "Porquê?" Revirou os olhos e riu da incoerência infantil desse pensamento. "Essa". "Essa não". "Essa está melhor". "Todas lindas". Mesmo as feias.

A almofada gasta do assento fez seu corpo reclamar a posição. Levou o laptop para a cama e deitou-se de bruços. Navegou, navegou. E diante de seus olhos ele lhe sorriu. Sim, era para ela dessa vez. E sentiu sua respiração tão próxima, tão quente. Seus braços enlaçaram sua cintura e os lábios dele espremeram os seus. "Sim". E por uma eternidade estavam juntos e por uma eternidade estariam. O sorriso da foto travado no rosto dele. A beleza imutável retratada na foto atravessou o tempo em que estiveram juntos naquela eternidade.

Acordou e esfregou os olhos. Não. Não havia nenhum corpo sob os lençóis senão o seu. Tateou. O laptop esta lá ao seu lado. Frio. A foto ainda lhe sorria. Bateria fraca. Ambas. "Bom dia..", respondeu para a foto. Tremulou os lábios na tentativa de conter um sorriso. Tímida. Entendeu.

Estava apaixonada.

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